sexta-feira, 6 de abril de 2012

Muss es sein?

Então é assim que a nossa vida se distancia? Como se num belo dia a gente levanta da cama e de súbito, toma a decisão: Nunca mais. Nunca mais sorrisos, nunca mais juntos, nunca mais nós, nunca mais sós. E segue obstinado na decisão e chega um dia que a gente nem lembra o que nos motivou.

Então como a gente faz se um dia, assim sem querer a gente se esbarrar na rua? Finge que nunca houve nada entre nós? Desviamos o olhar como se fossemos apenas mais um na multidão? E como fazemos pra esquecer das horas em que nossos corpos se intercalaram, nossos suores se misturaram. Inventamos que tudo isso passou de um sonho, um devaneio qualquer? Não sirvo para o seu teatro, ainda não aprendi a usar sua máscara.

Na verdade a idiota sou eu, sempre soube disso, mas achei que eu pudesse entrar e sair imune do seu jogo de sedução e confesso, joguei bastante e dei boas risadas muitas vezes. Agora estou aqui juntando os cacos, como a gente faz depois de uma festa. Arruma a bagunça, limpa, coloca tudo no lugar enquanto relembra como tudo foi muito bom, sorri e chora pelas memórias que não nos deixa em paz.

Muss es sein?

Es muss sein!

Es könnte auch anders sein.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Querer e olhar

"Quero apenas cinco coisas.. 
Primeiro é o amor sem fim 
A segunda é ver o outono 
A terceira é o grave inverno 
Em quarto lugar o verão 
A quinta coisa são teus olhos 
Não quero dormir sem teus olhos. 
Não quero ser... sem que me olhes. 
Abro mão da primavera para que continues me olhando."


Pablo Neruda




"I cant take my eyes off of you
I cant take my mind off of you"


( Blowers doughter - Damien Rice)

domingo, 25 de março de 2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Hello stranger

Não me reconheço mais. Hoje é um estranho que mora em mim.Todas as minhas prioridades parecem descartáveis assim como me tornei, assim como venho me tornado constantemente na vida das pessoas. Não sei mais quem sou, não sei mais do que gosto, não sei mais nada sobre mim.

Esse ser estranho que hoje habita meu corpo, tornou-se dono de todas as minhas funções e sentidos. Vejo e sinto o mundo diferente. Não sei se essa nova percepção é positiva ou negativa, não sei de onde veio, só sei que é inevitável e irresistível.

Eu só vivo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre escrever, sobre ser

Escrevo primeiramente para livrar-me de mim, expulsar meus demônios. Viver em mim é claustrofóbico, é estar preso num ambiente extenuante, caustico e extremamente tedioso. Sou chato, implicante, teimoso e extremamente vaidoso. Na verdade, escrevo porque é somente o que me resta, já não sei mais o que fazer de mim, escrevo para me esvaziar de ser. Escrevo para aliviar o peso de ser quem eu sou.

Aliás , essa plena consciência de saber exatamente aquilo que se é, é uma das noções mais aterrorizantes que se pode ter. Ser no sentido cru é se desnudar das mais íntima peça de roupa diante de uma plateia de desconhecidos. Não falo da nudez física, da vergonha e nem dos tabus que se tem diante do corpo. Falo de desproteção, vulnerabilidade e suscetibilidade de ser aquilo que se é, sem máscaras ou subterfúgios.

Ser exatamente aquilo que somos nos custa muito caro e poucos estão dispostos a pagar o preço do seu eu mais sincero. Estar nu é estar exposto ao julgamento, é mostrar-se sem armaduras de proteção. É ter dedo julgador sempre em riste e este dedo nem sempre é justo (quase nunca é), ele esmiuça seu passado, cava seus segredos e ataca nas suas fraquezas, impiedosamente e sem defesa.

Neste mundo de julgadores sem juiz, transita seguro quem deseja e consegue mostrar o seu deixar-ser, o seu deixar-conhecer. Proteção nunca fez mal a ninguém. Não me mostro nu, não uso disfarces, apenas não conto todas as coisas numa rede social, num blog ou em qualquer outra coisa publicável na internet.

Iniciar um blog novo dá sempre aquela vontade infantil de contar sua própria vida e o que pretende-se no novo espaço.

Eu não tenho grandes pretensões com esse blog, apenas um desejo adulto, o de não contar muita coisa sobre a minha vida, todo o resto é permitido, lícito e esperado.